As crianças também ficam deprimidas?

Depressão na infância não é manha da criança e merece atenção da família

 

Concordo plenamente com a postura que os profissionais de saúde estão adotando na França para enfrentar os distúrbios de comportamento [leia mais aqui: http://equilibrando.me/2013/05/16/por-que-as-criancas-francesas-nao-tem-deficit-de-atencao/].

Um meio social saudável, boas condições de moradia, alimentação, educação e acesso a serviços de saúde são pontos chave para nosso desenvolvimento orgânico, social, afetivo. Fico muito incomodado com o biologismo exacerbado que temos no Brasil, com a medicalização precoce a partir de diagnósticos superficiais e a estigmatização.

Grande parte de minha demanda em consultório se resumiria em famílias nas quais as crianças recebem atenção de má qualidade dos cuidadores, com agendas esportivas e acadêmicas dignas de executivos à beira de um infarto, alimentação péssima e sem rotina de sono.

Seria muito mais “fácil” dizer que a causa é orgânica e medicar, mas as origens dos distúrbios de comportamento são uma questão de saúde mais ampla e complexa, devendo receber uma abordagem contextualizada. A questão maior da clínica infantil e da criação das crianças é como os adultos podem (e devem) criar um ambiente saudável para o desenvolvimento desta pessoa. Entretanto, a família, o governo e a sociedade de modo geral, está tão imersa num paradigma biologicista e medicamentalista, que a primeira opção, infelizmente, tem sido o uso de medicação, seja por adultos, seja por crianças.

Veja entrevista minha com Carlos Leite no Café com Leite.

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