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Cultura e Conflitos

Como toda e qualquer sociedade, as empresas desenvolvem através das interações um produto sócio-histórico que é inerente às organizações humanas e cuja função é identificar o grupo para si e perante outros, representar a percepção de mundo e da interação entre seus membros e o meio. Sim, estamos falando da cultura, mais precisamente da cultura organizacional.

Tolos os que pensam poder controlar totalmente como a empresa significa a divisão do trabalho, sua História e dita normas de comportamento e relacionamento dos colaboradores. Por mais que haja intervenção das autoridades – e é razoável que as façam -, a cultura de um grupo extrapola toda e qualquer previsibilidade. Primeiro porque não se trata de um desenvolvimento racional e lógico, mas sim repleto de arbitrariedade e singularidades. Segundo porque é imprevisível deste o micro de sua origem: nos comportamentos e interações humanas.

Parece óbvio num primeiro momento que as regras de um dado grupo sejam aplicadas e respeitadas por seus membros. Digo, num cenário ótimo no qual todos passam por um processo de socialização ideal, participando da consciência coletiva plenamente. Entretanto, os caminhos do comportamento humano são mais tortuosos do que nos aparente inicialmente. Max Weber já havia pontuado como um indivíduo não se comporta diretamente sob ação da coercitividade do grupo, mas sim pela sua interpretação das regras vigentes. Adequamos nossos comportamentos segundo nosso entendimento das interações humanas, das regras vigentes – seja consciente ou inconscientemente.

E mesmo se tudo funcionasse corretamente, ou se tolerássemos alguns pequenos desvios por qualquer erro interpretativo menor, ainda restariam indivíduos com comportamentos patológicos. Num sistema capitalista antropofágico, toda e qualquer produção sócio-cultural pode, senão deve, ser absorvida para a manutenção do sistema sócio-produtivo. Assim, observamos que alguns comportamentos que num cenário amplo seriam considerados desviantes são tolerados dentro de algumas condições, tais como: datas especiais, locais protegidos, entre outras. Mesmo patológicos à princípio, estas novas condições quase que dominam ou domesticam tais comportamentos colocando-os sob a égide da permissão do grupo hegemônico e suas regras. Assim, na equação dos valores e normas para uma ordem social qualquer, papéis sociais com seus direitos e deveres são cunhados num esforço do exercício do controle social.

Karl Marx bem pontua: “Os homens fazem sua história, mas não fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, ligadas e transmitidas pelo passado.” Como o comportamento social não é previsível, e não denota sentido à priori, resta ao indivíduo descobrir-se imerso nas amarras da cultura hegemônica e tentar alguma forma de contra-controle.

Nas empresas, nas escolas, nas famílias observamos conflitos os mais diversos relacionados a cooperação e competição, de ordem emocional versus racional, exercícios de poder, conflitos morais diante de deveres para com o grupo, dentre outros. O fazer humano sempre é um fazer político, um fugir do controle da situação/adversidade ou de alguém.

Como superar esses conflitos? Eis a pergunta…

Deixe-nos sua sugestão!

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PS: para quem gosta de estudar cultura organizacional, conflitos e afins, sugiro ler estas reportagens sobre a Ab Inbev e a France Télécom, ou assistir o vídeo abaixo.

Alternativas para enfrentar conflitos organizacionais (vídeo)

Onde de suicídios leva França a discutir cultura ‘pós-privatizações’

 Suicídio na France Telecom choca sindicatos

France Télécom: delírio financeiro e funcionários suicidas

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