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Desafios da Sociedade do Conhecimento: Ações Sociais, Coesão e Confiança

Faz parte comum a consideração apenas dos sujeitos como agentes sociais. Entretanto, Max Weber já pontuava que tanto indivíduos como grupos ou organizações, instituições de controle social e a sociedade como um todo, em bloco, agem no cenário social separadamente ou de forma interdependente.

Isso somado à incerteza e imprevisibilidade do comportamento social devido à subjetividade acrescenta um nível de complexidade interessante para a resultante das interações sociais. Considerarmos aspectos micro como o processamento psicológico das variavéis até construções culturais, fatores ambientais materiais e os demais agentes sociais apontados por Weber cria uma matriz interacional conplexa o suficiente para incitar a necessidade de pesquisas sobre relacionamentos interpessoais em diversos cenários, tais como escolas, empresas, família, entre outros.

Weber nos coloca quatro tipos de ações no palco social: 1) comportamentos tradicionais, 2) comportamentos emocionais, 3) comportamentos racionais com relação a valores, e 4) comportamentos racionais com relação a fins. Então, veremos cada um deles abaixo.

1) Comportamentos tradicionais

Tais ações sociais ocorrem no agir pelo hábito, pelo “sempre assim” embutido na cultura. Neste sentido, o indivíduo raramente questiona seu comportamento e é comum não saber as razões para tal comportamento e a forte vinculação aos valores e à moralidade coletiva. Um bom exemplo brasileiro é a alimentação: comemos feijão e arroz, sendo que, talvez, fosse mais lógico consumirmos mandioca e peixe, haja visto a alimentação dos nativos indígenas de nossa matriz populacional.

 2) Comportamentos emocionais

 O embasamento destes comportamentos são os sentimentos e as emoções vivenciadas pelo indivíduo. Logo, um comportamento com tal referencial incorre na possibilidade de ser divergente do colocado pela matriz cultural à qual este indivíduo está vinculado. O arroubo e a impulsividade relativas a esses comportamentos podem levar ao comportamento impensado, sendo apenas refletido posteriormente pela pessoa ou apresentar dissonâncias cognitivas – ou seja, a criação de justificativas a posteriori para um comportamento avaliado pelos pares, pela sociedade, como desviante ou reprovável.

3) Comportamentos racionais com relação a valores

Também observamos comportamento que são refletidos, planejados. Os comportamentos racionais podem estar vinculados à busca de referências na Ética, na Justiça, na Honra, e outros. Pessoas emitem este tipo de comportamento levando em consideração que não fariam qualquer coisa para atingir suas metas, sendo os meios tão ou mais importantes que os fins.

4) Comportamentos racionais com relação a fins

Por outro lado, os comportamentos podem ser direcionados aos objetivos das pessoas em detrimento das consequências para os envolvidos. Neste caso, o foco é no resultado e os fins justificam os meios para alcança-los. Uma boa referência para esse tipo de comportamento é o livro O Príncipe de Maquiavel [clique aqui para fazer download do livro].

Novos paradigmas organizacionais

Diante das mudanças tecnológicas e sócio-culturais, a forma como encaramos o trabalho, a socialização e a educação certamente mudou drasticamente na virada do século. Percebemos um deslocamento da exclusividade da gestão de processos para a gestão das pessoas nas organizações sociais. Autonomia, interação, integração e compromisso são as palavras da vez.

A percepção do pertencimento ao grupo e a formação de vínculos de identificação se tornam possíveis uma vez que oferecemos uma visão holística e sistêmica aos membros do grupo e oferecemos um escopo das metas e dos critérios que basearão os projetos a serem desenvolvidos. Saber o que está fazendo, entender o processo e concordar com os valores direcionadores do projeto fomentam a coesão e o compromisso dos envolvidos.

Lembre-se toda divisão do trabalho não se restringe às trocas econômicas em questão. A divisão do trabalho num grupo é tanto produtiva quanto de papéis sociais. Assim, além das trocas econômicas existem um horizonte de trocas psicológicas e sociais. Além das trocas materiais, vislumbramos as trocas simbólicas.

O comportamento humano não é só trabalho, num sentido de intervenção intencional no mundo pelo homem através do uso de ferramentas. O comportamento humano é construção de significados, é construção de vida.

Sugestões de leitura para continuar a discussão

PEREIRA, F. N. Educação inclusiva contra o muro: revolução cultural, utopia de poetas mortos ou um sonho possível? In: PINEL, Hiran. (Org.). Cinema, Educação & Inclusão. São Paulo: Clube dos Autores, 2011, p. 169-176.

Pestana, M.C.; Pires, P.M.S.G.; Funaro, V.M.B.O.; Utuyama, A.S.; Pacheco, F.M.; Guimarães, T.B.N. Desafios da sociedade do conhecimento e gestão de pessoas em sistemas de informação.

Uribe, F.J. Reflexões sobre a subjetividade na gestão a partir do paradigma da organização que aprende.

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