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Será que o gigante acordou mesmo?

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Estou aqui confabulando com meus neurônios se não seria o momento de alguém se manisfestar de forma razoável no meio desta zoeira toda. O medo de políticos e formadores de opinião está empacando a vontade de lideranças começarem a dar uma direção mais coerente no movimento que estamos construindo. A raiva contra os políticos está cegando a multidão. [leia um pouco mais aqui: http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=6173%3Aapartidarismo-e-anti-partidarismo&catid=132%3Apasse-livre]

Ontem percebi que muitas pessoas foram às ruas (ótimo!), mas poucos sabiam do que se tratava e dos efeitos da mobilização popular. Alguns poucos, “minoria radical”, “minoria vandalista”, carregavam dizeres fascistas, preconceituosos em seus cartazes. Outros poucos levavam um monte de reivindicações sem a menor crítica sobre o funcionamento legal de nosso país.

Fiquem espertos! Se continuar nesse ritmo de “minoria radical” botar fogo em tudo que encontrar pelo caminho, “minoria radical” pedindo o fim dos partidos e coisa e tal, vamos acabar em golpe de Estado e protestos serão banidos de vez. [leia um pouco mais aqui: https://medium.com/primavera-brasileira/dfa6bc73bd8a]

Se #ogiganteacordou mesmo, precisa lavar a cara e ver onde está pisando, porque acho que logo logo vai pisar em ovos, ovos podres.

Assim como muitos que foram às ruas nos últimos dias, estou descontente com meus representantes, não acho que eles me representem. Assim como poucos que foram às ruas nos últimos dias, percebo que a “massa radical” não entendeu que corrupção é o que as pessoas fazem no dia a dia quando furam fila, colam na prova, pagam propina para policiais em blitz, dirigem alcoolizados. Sim, essa é a corrupção que nos mata de forma crônica, lenta e que repercute no comportamento alienado na urna.

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Ok, você teve a paciência de ler até aqui e ainda quer ir para a rua!? #vemprarua sim, mas venha com consciência! #vemprarua e deixe ela limpa. #vemprarua sóbrio e com sua família e seus amigos. #vemprarua todo dia, fazer um Brasil melhor, digno de sua grandeza e de seu potencial. #vemprarua porque o Brasil é você!

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Escola, empresa e jovem não se entendem. O que está acontecendo?

Li agora a pouco uma notícia que me chamou a atenção por diversos motivos: 1) envolvem pessoas com as quais lido diariamente; 2) escolas e empresas são espaços estratégicos de desenvolvimento de talentos e ideias revolucionárias (ou não); e, 3) os jovens são nosso presente e, quem sabe, nosso futuro. Os três atores em questão deveriam se relacionar sem maiores problemas, sobretudo pelo viés do discurso do sistema de ensino ao redor do mundo – uma educação para o mercado de trabalho -, afinal tem sido assim desde o início da Idade Moderna por conta da Revolução Industrial, do Iluminismo e do modelo educacional prussiano (link1, link 2).

 

Fico intrigado com a tentativa de achar um culpado para situações nas quais este esforço é uma iniciativa descabida e infrutífera. Precisamos abrir um canal de diálogo para que governo, sociedade, empresários, escolas e alunos debatam o que querem, o que necessitam e o que estão dispostos a oferecer uns aos outros para que possamos articular os recursos disponíveis de forma a mudar o quadro atual.

De acordo com pesquisa feita pela McKinsey (leia o relatório aqui), as instituições de ensino superior estão completamente fora do eixo quando falamos de preparação de seus alunos para o mercado de trabalho. Bem, essa é uma avaliação dos próprios estudantes e das empresas que os empregam. Os empregadores também estão em falta: os alunos reclamam que as vagas oferecidos para quem quer entrar no mercado não correspondem à formação inicial oferecida pelas escolas. Além disso, temos perdas ao longo do ensino básico com alunos desistentes no ensino fundamental e no médio, mais aqueles que não ingressam no ensino superior por não ter condições financeiras para arcar com os custos do estudo. A pesquisa também aponta algumas soluções: 1) MOOCs; 2) Jogos e Simulações; 3) personalização do currículo.

Vamos começar, então, pelas plataformas de cursos online gratuitos, muito na moda hoje. Até eu me rendi às MOOCs e fiz dois cursos no Coursera, ajudando a encorpar as estatísticas que revelam nós, brasileiros, como o terceiro maior público deste novo formato de ensino. Um excelente, mais exigente do que qualquer outra disciplina presencial que já fiz e com um professor espetacular. O outro apenas mediano, dentro dos padrões de minha experiência anterior como aluno. As possibilidades são muitas (Coursera, NovoEd, Class2GO da Stanford, edX, Udacity, Fundação Bradesco, Fundação Getúlio Vargas, entre outras), sem contar com a disponibilidade de ofertas para graduação e pós-graduação EAD de instituições brasileiras. Dizer que um diploma vai garantir uma colocação é uma grande mentira, mas não podemos desconsiderar que pode aumentar as chances de arrumar um emprego (leia mais sobre os prós e contras de gastar com uma faculdade).

Concordo que o maior abismo hoje seja justamente fazer a formação profissionalizante do aluno. Não creio que seja função primeira de uma instituição de ensino superior letrar, alfabetizar ou abrir a mente do estudante para as artes, as ciências ou seja lá o que for. Este aspecto é mais complementar e efeito do próprio papel de uma escola, leia-se instruir e treinar, desde que com métodos abertos e generativos. O uso de jogos, simulações em sala de aula, produções de vídeos, projetos de extensão que atendam à comunidade geral e empresas com serviços de qualidade é crucial para criar uma ponte entre as instituições e a sociedade, levar a produção intelectual dos professores e dos alunos para a realidade prática do cotidiano. Uma escola não deveria ser teórica, pois, em tempos de internet, informação não é mais um problema. A escola deveria ser um espaço de experimentação, reflexão e implementação.

Por último, porém não menos importante, as matrizes curriculares deveriam reservar espaço para disciplinas optativas. Dentro de toda e qualquer formação profissional existem áreas específicas de conhecimento e atuação que talvez sejam de maior afinidade e interesse dos alunos. A oferta de disciplinas optativas é uma tática para sanar o desânimo dos alunos com disciplinas obrigatórias que não fazem o menor sentido para seu projeto de carreira e para seu momento no mercado de trabalho. Outra opção seria também mudar a estrutura geral do ensino superior para que a graduação seja genérica e a especialização aconteça em cursos de mestrado e doutorado profissional. Infelizmente, não vejo qualquer movimento neste sentido.

Voltando ao assunto dos culpados (ou não)… Na minha percepção, o alto desemprego dos jovens nem sempre está associado à falta de qualificação adequada. A estrutura produtiva não está acompanhando as demandas e as novas configurações sociais. Devido a aposentadorias irrisórias e ao aumento da expectativa de vida, trabalhadores seniores voltam ao mercado com mais experiência e também com uma relação custo/benefício mais interessantes para os empregadores. Se criássemos projetos para atender às reais necessidades ao invés de incitar o consumismo vazio poderíamos aproveitar os inúmeros estudantes que buscam oportunidades de trabalho (não necessariamente emprego), professores com muita boa vontade, financiamentos e fomentos públicos e privados.

A solução é simples e complexa. É simples porque é uma solução já conhecida, complexa por envolver muitas pessoas, interesses políticas e econômicos. Basta abrirmos um espaço de interlocução entre os envolvidos – sociedade civil, governo, empresas – e colocar as mãos na massa.

E, você? O que está esperando?

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O que vou fazer da minha vida? Alguns questionamentos sobre trabalho, carreira e prazer (sim, você leu isso mesmo!)

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Parece que a nova geração de jovens voltou a questionar o que a minha geração deixou passar batido: o que é o trabalho, qual é o seu objetivo e qual caminho vou percorrer nesta vida.

Sei que é clichê e até meio piegas falar sobre seguir o coração e tal, chutar o balde e buscar algo apaixonante que te dê inspiração para acordar todos os dias, ir lá, matar meia dúzia de leões e voltar para casa com a sensação de prazer por fazer algo no qual você acredita e gosta. Mas, às vezes ainda me pego pensando na coluna do Kanitz na Veja sobre gostar do que se faz (http://blog.kanitz.com.br/fazer-gosta/) e da coragem do DeMaio (http://stevendemaio.wordpress.com/) – xarás que discutem sobre a relação entre trabalho e vida. Inclusive, escrevi algumas coisas no meu antigo blog sobre o assunto (http://projetoalpha.blogspot.com.br/search/label/Carreira).

A questão é que ainda não tenho respostas, apenas perguntas e um incômodo sobre a forma como nossa sociedade encara o trabalho e os artifícios de controle social que nos pressionam a adotar certos comportamentos e realizar escolhas nem sempre saudáveis mesmo quando temos recursos suficientes para nos manter a partir de outras configurações produtivas (http://movimentozeitgeist.com.br/conheca-o-movimento/movimento-faq).

Ok… é verdade o que Kanitz diz a respeito de fazermos coisas chatas e procurarmos aspectos positivos no que fazemos. A minha grande dúvida, e creio que de outras pessoas também, é o ponto de equilíbrio nisso tudo. Não sei se o trabalho tem que ser algo assim tão prospectivo: faço hoje pensando no futuro… Caramba! E se o “hoje” ficar árduo por muito tempo ou insuportável, o que vou fazer?

E é aí que começa a força da pressão e da cobrança. Esse “o que vou fazer” muitas vezes é acompanhado por “o que minha família, meus amigos e meus colegas vão pensar se eu escolher ______________”. Sinta-se a vontade para preencher a lacuna com o que você quiser.

Ter um foco imediatista pode colocar a pessoa em risco nestes assuntos de carreira e trabalho da mesma maneira que adiar continuamente a recompensa “… porque no futuro blá-blá-blá” nos molda como zumbis alienados em busca de um sonho capitalista de acumulação. Nem tanto ao céu da ética protestante do “aqui se faz, aqui se recebe”, nem tanto ao inferno da mais-valia marxista. De uma coisa não abro mão: não quero viver para trabalhar, quero trabalhar para viver.

Não estou aqui para te dar respostas. Nem tenho certeza das perguntas e reflexões feitas acima. São apenas questões que acredito serem importantes para mim e, talvez, para você e algumas pessoas, como as dos vídeos do Continue Curioso (http://www.youtube.com/user/continuecurioso).

Então, o que você vai fazer da sua vida?

Deixe seu comentário e compartilhe com a gente como você lida com sua vida, sua carreira.

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Fulecos, fuleros, apáticos, mortos-vivos, pessimistas, alienados ou o quê? #imaginanacopa

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 Quem somos nós, brasileiros?

No Chile tem protesto quase toda semana. O pessoal lá é bem politizado e crítico, exigem seus direitos. Fiquei impressionado como as pessoas vão às ruas, para se encontrarem, para se divertirem nos parques, para apreciar a natureza, entre outras coisas simples.

É um país “menos rico” do que o Brasil, mas mais igualitário. Vi o transporte público funcionar melhor, ruas limpas, pouquíssimos mendigos nas ruas. As pessoas sempre educadas, pedindo licença, com um ar até meio interiorano.

Aqui no Brasil, ficamos trancados em casa, postando em redes sociais como se vivêssemos na Ilha de Caras ou fossemos tão zen quanto Mahatma Gandhi, e exigir que o governo nos represente e nos ofereça um mínimo de decência fica longe de qualquer iniciativa pública contundente e que envolva uma massa considerável de pessoas.

ronaldo imagina na copa pessimistas

Grande parte de nossa população está feliz porque comprou seu carro e/ou moto, compra roupas caras em 12x no cartão, rola as dívidas com créditos consignados e afins. Cadê infraestrutura, saúde e educação?!?

Cinco dias no Chile me fizeram refletir muito sobre como estamos deslumbrados com esta vida enganosa, na superficialidade da aspiração classe média de um sonho de seriado estadunidense.

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Milhares vão às ruas exigir educação de qualidade e gratuita no Chile. Foto: EFE

Leia mais sobre o protesto em http://migre.me/esKfP.

O pior é que passam as reportagens na Globo como se eles estivessem quase em clima de guerra civil

Susana e eu estávamos dando uma volta pela cidade quanto demos de cara com este outro protesto relacionado à saúde pública. A mobilização do pessoal é incrível: pacientes, profissionais de saúde, pessoas comuns, estudantes. Todos juntos questionando o governo. [Assista a um vídeo que fiz deste protesto]

Acordem! Vocês estão sendo enganados com crédito furado, bolsas misérias, muito carnaval (e imagina na Copa?!?). #prontofalei

 

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Será que conseguimos mudar o Brasil, transformar nosso país num lugar melhor? Veja algumas iniciativas no site curiosamente chamado de Imagina na Copa.

Gostou do assunto? Quer entrar na discussão?

Leia outros posts sobre ideologia, alienação e controle social [aqui e aqui] e deixe um comentário abaixo.

Sua opinião é muito importante para ficar guardada somente para você! Compartilhe conosco o que pensa sobre o assunto e vamos abrir mais um canal de comunicação/discussão.

Abraço a todos!

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Cotas no Brasil – 10 anos de superação. PS: mas é só o começo!

Reportagem muito interessante a que saiu na IstoÉ sobre as cotas! [clique no link para ler a reportagem]

Lembro dessas discussões em um congresso na UFRJ quando fui apresentar um trabalho sobre Bourdieu, escolha profissional e investimento no projeto educacional em 2003. No final de semana anterior, havia participado como voluntário de um projeto de Orientação Profissional em um Pré-Vestibular Comunitário em Araruama, RJ a convite de Fernanda Insfran. [1. clique aqui para ler um artigo dela sobre perspectivas epistemológicas, teóricas e políticas em Educação. 2. quem tiver mais disponibilidade de tempo e interesse pelo assunto também pode ler a tese dela]

Várias pessoas me perguntavam sobre o que eu achava sobre as cotas e o efeito que tal medida teria na universidade, no país, etc. Bom, os dados estão aí para todo mundo ver.

Minha experiência como professor é com alunos cotistas ou bolsistas dedicados e interessados, que buscam ir além dos obstáculos que o ensino básico deficitário e as restrições financeiras e de acesso aos produtos culturais imprimiram em suas vidas. Ainda ouço comentários tortuosos de alguns alunos não cotistas e colegas, o que me aborrece, me entristece, me leva a refletir mil coisas.

Minha única preocupação com tudo isso é a maquiagem ideológica do governo. A intervenção com cotas está se revelando como uma ferramenta de discussão aberta sobre nosso projeto como país, nossas máscaras, nossa História. Mas, devemos lembrar, como mais de um dos entrevistados pontuou, que esses alunos são os com melhor rendimento no ensino público, ou seja, o ensino superior não é acessível para grande parte da população.

Precisamos de profissionais qualificados, tanto de nível técnico como superior. Precisamos aumentar, sobretudo, o número de profissionais em setores estratégicos, o que ainda deixamos a desejar.

As ações afirmativas para alunos do ensino público ou descendentes de qualquer etnia são importantes, mas, devo frisar, UMA forma de intervenção.

O ensino, em todos os níveis, ainda necessita de uma boa e ampla reforma, de recursos e todo o respeito e investimento pelo poder público e pela população que lhe é merecedor.

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